Gaviões da Fiel exibem faixas pelas eleições diretas, no Ginásio do Ibirapuera
Democracia Corinthiana foi um movimento iniciado em 1982, no Parque São Jorge, com a não classificação do Corinthians para a Taça de Ouro, por não haver ficado entre os primeiros colocados do Paulistão de 1981. O time teve que disputar a Taça de Prata naquele ano. O folclórico presidente Vicente Matheus havia saído da presidência do clube e dado lugar a Waldemar Pires, que inicia junto com o técnico, jogadores e conselheiros uma revolução em sua gestão, infelizmente nunca mais vista. Inicialmente Waldemar Pires chama o sociólogo Adilson Monteiro para ser Diretor Técnico do clube e conta também com a visão financeira prática de Sérgio Scarpelli. Convida o técnico Mário Travaglini, ex-dirigente da Seleção Brasileira e da Academia do Palmeiras, que estava disposto a participar daquele novo modelo de gestão. Contava também com um grupo de jogadores talentosos e únicos: Sócrates, Casagrande, Zenon, Biro-Biro, Zé Maria e Wladimir, entre outros.
Inicia-se, então, a Democracia Corinthiana. Um diálogo aberto é iniciado entre jogadores e comissão técnica. Todos participavam das decisões do clube: jogadores, roupeiro, técnico, presidente. O voto de cada um possuía o mesmo valor. Em plena Ditadura Militar, o time do povo, começa a discutir política e por em debate o porquê de uma ditadura, utilizando o futebol, caracterizado pelo conservadorismo até os dias de hoje. E o mais interessante: esta Democracia Corinthiana acaba dando certo.
O Corinthians conquista dois campeonatos paulistas (1982 e 1983) e chega as fases finais da Taça de Ouro (na época era possível subir da Taça de Prata a Taça de Ouro, no mesmo ano, equivalentes respectivamente a segunda e primeira divisão do brasileiro) também nos anos de 82 e 83. Inúmeras pessoas públicas acabam aderindo a causa do time, que extrapola o campo de futebol e começa a fazer campanhas pelas Diretas Já. Com influência direta de Washington Olivetto (corintiano fanático) fazem com que o público do futebol também debata sobre o movimento de abertura política. Osmar Santos, Juca Kfouri e Rita Lee, acabam vestindo a camisa da Democracia Corinthiana. Sócrates, Casagrande e Wladimir sobem em palanques e discursam sobre as diretas ao lado de políticos e figuras públicas.
Assim foi criada a Democracia Corinthiana, um movimento único na história do futebol mundial, nunca depois repetido, e com grande influência para o movimento das Diretas Já.