domingo, 3 de maio de 2009

Corinthians: Muito além dos campos de futebol

Gaviões da Fiel exibem faixas pelas eleições diretas, no Ginásio do Ibirapuera

Democracia Corinthiana foi um movimento iniciado em 1982, no Parque São Jorge, com a não classificação do Corinthians para a Taça de Ouro, por não haver ficado entre os primeiros colocados do Paulistão de 1981. O time teve que disputar a Taça de Prata naquele ano. O folclórico presidente Vicente Matheus havia saído da presidência do clube e dado lugar a Waldemar Pires, que inicia junto com o técnico, jogadores e conselheiros uma revolução em sua gestão, infelizmente nunca mais vista. Inicialmente Waldemar Pires chama o sociólogo Adilson Monteiro para ser Diretor Técnico do clube e conta também com a visão financeira prática de Sérgio Scarpelli. Convida o técnico Mário Travaglini, ex-dirigente da Seleção Brasileira e da Academia do Palmeiras, que estava disposto a participar daquele novo modelo de gestão. Contava também com um grupo de jogadores talentosos e únicos: Sócrates, Casagrande, Zenon, Biro-Biro, Zé Maria e Wladimir, entre outros.

Inicia-se, então, a Democracia Corinthiana. Um diálogo aberto é iniciado entre jogadores e comissão técnica. Todos participavam das decisões do clube: jogadores, roupeiro, técnico, presidente. O voto de cada um possuía o mesmo valor. Em plena Ditadura Militar, o time do povo, começa a discutir política e por em debate o porquê de uma ditadura, utilizando o futebol, caracterizado pelo conservadorismo até os dias de hoje. E o mais interessante: esta Democracia Corinthiana acaba dando certo.

O Corinthians conquista dois campeonatos paulistas (1982 e 1983) e chega as fases finais da Taça de Ouro (na época era possível subir da Taça de Prata a Taça de Ouro, no mesmo ano, equivalentes respectivamente a segunda e primeira divisão do brasileiro) também nos anos de 82 e 83. Inúmeras pessoas públicas acabam aderindo a causa do time, que extrapola o campo de futebol e começa a fazer campanhas pelas Diretas Já. Com influência direta de Washington Olivetto (corintiano fanático) fazem com que o público do futebol também debata sobre o movimento de abertura política. Osmar Santos, Juca Kfouri e Rita Lee, acabam vestindo a camisa da Democracia Corinthiana. Sócrates, Casagrande e Wladimir sobem em palanques e discursam sobre as diretas ao lado de políticos e figuras públicas.

Assim foi criada a Democracia Corinthiana, um movimento único na história do futebol mundial, nunca depois repetido, e com grande influência para o movimento das Diretas Já.