sábado, 16 de maio de 2009

CORINTHIANS

Ronaldo almeja Copa para prolongar carreira, mas detona chefão da CBF

O atacante Ronaldo, do Corinthians, já admite a possibilidade de encerrar a carreira no final deste ano, mas vê uma possível ida para a Copa do Mundo de 2010 como uma oportunidade para prolongar sua permanência nos gramados. Nesta sexta-feira, em sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo, a estrela explicou que a chance de jogar mais um Mundial poderá definir o que fará de sua vida profissional no final de 2009, quando termina seu contrato com o Corinthians.

"Uma chance de jogar a Copa pode prolongar minha carreira. Seria maravilhoso terminar a carreira na Copa, mas não quero botar pressão", definiu o goleador máximo dos Mundiais, que, no entanto, não fez questão nenhuma de fazer qualquer espécie de lobby diplomático ou elogiar os comandantes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Pelo contrário, Ronaldo foi bastante crítico em relação ao presidente da entidade, Ricardo Teixeira, e disse que o dirigente mostrou ter "duplo caráter".

O descontentamento de Ronaldo com o mandatário da CBF foi gerado pela postura de Teixeira após o Mundial de 2006, quando apontou os jogadores como responsáveis pela queda da seleção nas quartas de final para a França. "Só estranhei que até 2006 a gente tinha um ótimo relacionamento, e após 2006 este relacionamento acabou sem eu saber o porquê e sem ninguém me dizer diretamente o que eu fiz para ele deixar de gostar de mim", disse. "Nos encontramos algumas vezes depois daquilo e ele sempre foi muito frio comigo", emendou.

O desabafo contra o cartola, que começou de forma contida, ficou mais contundente adiante. "Não me importa ter um relacionamento com quem mostra ter duplo caráter. É muito fácil na hora que ganha estar ali e levantar troféu, ser campeão com os jogadores. Na hora que perde, é fácil também você pegar e apontar alguém para Cristo e crucificar esta pessoa", afirmou o corintiano.

Ao mesmo tempo em que criticou Teixeira, Ronaldo evitou fazer campanha para seu retorno à seleção brasileira, reconhecendo que ainda não se sente pronto para atuar sob o comando de Dunga. "Não tenho condição de ir para a seleção brasileira agora. Estou buscando a melhor condição ainda para jogar no Corinthians", definiu o jogador, que passou a ter o nome pedido para a seleção após o retorno no clube paulista, em que marcou dez gols em 14 partidas disputadas e ajudou o time a conquistar o título do Campeonato Paulista.

O atleta explicou que ainda busca o melhor condicionamento e, para isso, precisa evitar a sequência de dois jogos por semana. "Estou melhorando a cada dia, a cada treino, ainda mais com esta sequência de jogos que tive. A gente está administrando melhor, treinando mais, e jogando uma vez por semana consigo evoluir com minha forma física", disse.

Tranquilo, Ronaldo explicou que ainda tem objetivos traçados para a seleção brasileira (como disputar sua quinta Copa do Mundo, já que participou das edições de 1994, 1998, 2002 e 2006), mas não quer saber de pressão sobre o técnico da seleção. A próxima convocação de Dunga será feita na próxima quinta-feira para os jogos das eliminatórias contra Uruguai e Paraguai, e também para a Copa das Confederações.

Além do mandatário da CBF, Ronaldo ainda aproveitou para cutucar companheiros de seleção, que disseram ter se abalado com a convulsão sofrida pelo atacante horas antes da final da Copa de 1998. "Vi companheiros meus falando que aquilo mexeu com o elenco. É uma bobagem. Se tivesse risco, eu seria o primeiro a sair fora", criticou o jogador, que lamentou ter sido novamente o culpado pelo revés por 3 a 0 para a França. "No Brasil, fiquei como amarelão na época. Se fosse em outro país, seria até um herói", desabafou.

Se optou por criticar Teixeira e alguns jogadores, o atacante desmentiu que tenha tido problemas de relacionamento com Rodrigo Paiva, seu ex-assessor e atualmente responsável pela imprensa da CBF. Ronaldo também destacou o bom relacionamento que teve com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após as críticas que sofreu do político antes do Mundial de 2006.

Na sabatina, em que participaram os jornalistas Clóvis Rossi, Juca Kfouri, Xico Sá e Mônica Bergamo, Ronaldo também expôs que já está preparando a cabeça para a despedida dos gramados. O goleador tem contrato com o Corinthians até o fim do ano e disse que definirá o seu futuro em conversa com a família no término da temporada. "Estou começando a sofrer com essa ideia, essa preparação para deixar o futebol vai ser dura. Mas em seguida a esta decisão, vou ficar um bom tempo não fazendo nada, uns dois anos só relaxando, com água de coco na praia descansando", disse.

O Fenômeno reafirmou sua paixão pelo Flamengo, mas garantiu que não pensará no clube de coração quando o Corinthians enfrentar o time carioca no Campeonato Brasileiro. Ao ser questionado sobre os outros times que defendeu (já que atuou pelos rivais Real Madrid e Barcelona, e Inter e Milan), o atacante revelou o sofrimento que passou ao deixar a Internazionale."Minha história na Inter foi maravilhosa, mas com fim trágico. Tive uma confusão tremenda e no dia que fui embora, fui embora de camburão, com as pessoas arremessando pau, e aquilo me assustou bastante", lamentou o jogador, que deixou o clube de Milão para acertar um contrato milionário com o Real Madrid, clube este que tem a preferência de Ronaldo na Espanha. Na Itália, o atacante evitou divulgar sua predileção.

Ser corintiano: Mas se ainda mantém a paixão de criança pelo Flamengo, o jogador reconheceu que a escolha pelo Corinthians foi certa. Ele já sente totalmente adaptado ao clube e se acostumou até com certas manias de seus torcedores. "O corintiano tem uma paixão tão grande e realmente parece que gosta de sofrer. Quando está 1 a 0 para os caras (adversários), eles gritam mais ainda", disse.

Ronaldo aproveitou para também provocar a torcida e recordar da semifinal do Campeonato Brasileiro de 1976, quando mais de 70 mil corintianos foram ao Maracanã para apoiar a equipe contra o Fluminense. "Falam sempre desta invasão de 1976 e eu não acredito muito não. Queria ver isso na quarta-feira", disse, sorrindo, em menção ao duelo futuro com os tricolores do Rio pela Copa do Brasil. Após a sabatina, Ronaldo participará de um treino no Parque Ecológico para definir se participa ou não do jogo contra o Botafogo, neste domingo, pela segunda rodada do Nacional.

Reservado: Se mostrou muita descontração para falar sobre o Corinthians, o atacante evitou fazer maiores comentários sobre a vida pessoal. O astro admitiu que ainda se arrepende da polêmica em que se envolveu com o travesti Andréia Albertine e evitou falar sobre suas opções políticas ou patrimônio pessoal.Em relação à família, Ronaldo afirmou que deverá permanecer distante do filho Ronald, que mora na Espanha ao lado da mãe Milene Domingues. "Prefiro que ele more lá por segurança. Aqui também vejo muitas crianças com a idade dele falando muitos palavrões e gírias. Ele não fala palavrão, é muito doce, é praticamente um europeu (sorri). Esta diferença é uma realidade, e se posso escolher prefiro que meu filho tenha uma educação europeia", comentou.

UOL